segunda-feira, setembro 26, 2005

 

Sem Tempo Para Pensar

“Que o furacão katrina destrua os Estados Unidos. Mate todo aquele povo metido a besta”, eis o que dois amigos meus falaram logo após assistirem a Farenheit. Sei que seria demais querer que entendessem o filme, mas acho que, nesta noite, uma sementinha foi plantada.

Penso em várias situações do filme para exemplificar o nosso dia-a-dia e dar um pouco de qualidade e resultado no que vos escrevo. Sei que das reflexões nascem o sentido do que a enxurrada de informação não nos deixa ver. Hoje, no filme, percebi algo.

Basta dar um empurrãozinho, uma oportunidade para as pessoas pensarem que elas chegam à verdade. Michael Moore entrevistava uma “democrata conservadora”, como ela mesma se intitulou. Ela dizia abominar as pessoas que eram contra a guerra. Que considerava um desrespeito pela história da sua família, nos “dorsos dos quais este país foi construído”, ressaltava.

Moore fez uma outra pergunta, não lembro direito, da qual ela chegou à seguinte conclusão: “um absurdo esses contestadores, com suas passeatas, não suporto a nenhum deles! Como contestar à guerra? Uma ofensa aos meus filhos que estão em batalha. (pausa). Sei que eles não estão contra os homens e mulheres que lutam, mas contra a guerra em si”.

Acho que este é um dos xis da questão. As pessoas não têm oportunidade para pensar, para chegar às suas próprias idéias. Tudo é vendido previamente de forma tão fácil que mal nos sobra algum tempo.

Se você liga a televisão aberta, só consegue ver filmes de última categoria. Van Dammes, Shuazznegers e Seagals. Isso me fez lembrar de outro filme que assisti no fim de semana: Edukators. Nele, um jovem revolucionário dizia a um magnata: “Esse sistema vai ruir. As milhares de crianças em favelas estão a assistir os filmes de guerra que vocês nos empurram goela abaixo e vão se ligar”. De qualquer forma, esperança vai bem.

Voltando ao Farenheit. Cito outra cena para encerrar este desabafo. Uma senhora iraquiana roga a Alá que os Estados Unidos tenha a mesma sorte que ela, ao ver sua casa demolida por um míssel. “Que Alá dê o troco aos meus inimigos”. Meu amigo sussurra: “Ele vai, com certeza ele vai”. Não sou atéia, mas não se trata da justiça divina. Trata-se do poder do homem. Aqueles que o detêm, mandam, oprimem, matam, governam. Os que não têm, sofrem, obedecem e rezam.

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