quarta-feira, abril 27, 2005

 

Eles Escolheram em Quem Apostar


Bush e sua política para a América Latina. Lula aceitará?

“Ultimamente coube ao National Inteligence Council, dos Estados Unidos, apresentar um estudo prevendo que, nos próximos 15 anos, a China, o Brasil e a Índia possam vir a conquistar um lugar entre as grandes potências mundiais.”
Folha de São Paulo, 15/02/2005

“Os analistas do NIC insinuam que o Brasil estaria numa posição privilegiada pois continuará sendo encarado como um parceiro natural tanto dos EUA quanto da Europa, quanto das potências emergentes China e Índia, e tem ainda o potencial de aumentar a sua influência como um grande exportador de petróleo.”
Estudo realizado pelo Conselho de Inteligência Nacional dos Estados Unidos (NIC, na sigla em inglês), coordenado pela CIA, a Agência Central de Inteligência.

“O Brasil é um parceiro vital para ajudar os Estados Unidos a lidarem com uma crise crescente na Colômbia, a instabilidade nos países andinos e as relações cada vez mais complicadas com um governo populista na Venezuela, importante fornecedor de petróleo (...) “Os Estados Unidos concordem ou não, o Brasil tem um papel importante na América do Sul. Devemos começar a escutar as perspectivas brasileiras e considerar o Brasil como um importante parceiro estratégico, tratando-o da forma adequada."
Carta dos membros da força-tarefa do Conselho de Relações Exteriores ao governo de George Bush, em 21/02/2001.

E a última: “O Brasil é um líder regional que está se firmando como uma potência mundial.”Condolezza Rice, ainda em visita ao Brasil.

Tantos elogios, boas previsões, sempre aliadas ao SE o Brasil continuar parceiro dos Estados Unidos, SE o Brasil mantiver a política neoliberal, SE o Brasil apoiar os EUA na busca pela ‘democracia’ na região, nosso país será uma potência. Este é o significado da visita da Secretária de Estado norte-americana, Condoleza Rice.

Cá entre nós. Será que este otimismo todo se deve à bondade do povo brasileiro, do carisma do presidente do Lula ou, como podemos perceber nas entrelinhas das citações acima, a preocupação em conquistar um parceiro importante para conseguirem impor com mais facilidade sua agenda ‘positiva’ na América Latina?

Se olharmos para os nossos vizinhos latinos, perceberemos o quanto estão mal comportados para os padrões norte-americanos. No Equador, Gutiérrez foi deposto após afastar-se da política pela qual havia sido eleito e se entregar aos padrões neoliberais.

Na Bolívia, a deposição de Lozada (amigo norte-americano) para a entrada do vice Mesa (também amigo norte-americano) que quase foi deposto pelos protestos populares, que ainda reivindicam uma política direcionada às questões sociais que assolam esse país.

A eleição de presidentes ditos de esquerda na Argentina, Uruguai e Chile demonstram a insatisfação da população latino-americana com os modelos neoliberais anteriores – apesar de Kirchner, Vázquez e Lagos apontarem ao mesmo sistema econômico com algumas melhorias sociais. O caso mais gritante do Chile, que entregou toda a sua soberania ao ‘livre mercado’.

O laço fraternal de Bush com os presidentes do Paraguai, Peru, México e Colômbia estão abalados visto a desaprovação popular frente às medidas adotas que resultaram em desemprego, abertura do mercado e aumento da dívida externa. Como também se enquadra o Chile.

Os grandes empecilhos aos falcões são o velho Fidel Castro e Hugo Chávez. Embasados na velha retórica da necessidade de democracia e liberdade, estão a manipular toda a opinião pública para dar credibilidade a uma intervenção estadunidense – como aconteceu no Iraque, mas com a diferença de termos na Venezuela e em Cuba políticas voltadas às questões sociais e, conseqüentemente, aprovadas pela população.

Eis porque tanto otimismo para o Brasil. Esta insinuação de sermos a nova potência poderia ser direcionada para qualquer outro. Basta que o capital rentista (ou o famoso mercado) norte-americano se dirija para o país de sua escolha. Se o governo brasileiro optar pelas braçadas no Mississipi, poderemos ser, por que não, uma nova potência. Pra isso, Lula terá de rasgar, definitivamente, sua carteirinha de sindicalista e comprar a de sócio deste clube elitista. Ou, poderemos ter agora nesses dois próximos anos, o declínio da economia favorecendo a candidatura do ex-sociólogo Fernando Henrique Cardoso.

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