segunda-feira, dezembro 04, 2006

 

Boa Noite... E Boa Sorte...

A nossa história é o resultado dos nossos atos.
Se houver historiadores daqui a 50 ou 100 anos
E se houver material de uma semana das três emissoras
Haverá provas em preto e branco e em cores
Da decadência, alienação e falta de cobertura
da realidade que vivemos.

Atualmente nós estamos ricos, gordos, seguros e complacentes
Somos inclinados a evitar informações desagradáveis e perturbadoras
A nossa mídia reflete essa atitude.

Mas, exceto se esquecer os lucros
E reconhecer que a televisão está sendo usada para
distrair, enganar, entreter e nos isolar
Então a televisão e os que a patrocinam, assistem e que nela trabalham
Terão uma visão bem diferente, mas tarde demais (...)

A nossa história é o resultado do que fazemos
Se continuarmos como estamos,
A história se vingará e nos fará pagar.

Às vezes, exaltemos a importância das idéias da informação.
Vamos sonhar com a possibilidade de, num domingo à noite
no horário ocupado por Ed Sullivan se faça o estudo clínico da educação.
E que, uma semana depois, o horário usado por Steve Allen
Sirva para uma análise da política americana no Oriente Médio.

Será que a imagem dos nossos patrocinadores seria arranhada?
Será que os acionistas ficariam revoltados e reclamariam?
O quê aconteceria?
A não ser que alguns milhões de pessoas se informassem mais
sobre assuntos que determinam o futuro do país e, portanto,
o futuro das nossas empresas.

Aqueles que dizem que as pessoas não se interessam,
Que são complacentes, indiferentes e alienadas
Eu apenas respondo que, na minha opinião de repórter,
há provas concretas de que essa informação é incorreta
Mas, mesmo que não o seja, o quê eles têm a perder?

Se estiverem certos e nosso veículo só servir
para distrair e alienar, a televisão está em perigo,
e logo veremos que a luta foi em vão.

Esse veículo pode ensinar, pode esclarecer e até inspirar
Mas só pode fazer isso se as pessoas o usarem com esse objetivo
Senão será apenas um monte de cabos e luzes dentro de uma caixa.

terça-feira, outubro 31, 2006

 

O Último Estadista

Fiquei muito feliz com a vitória de Lula. Para mim, ele representa os interesses do Brasil como nação, como Estado, como sua e nossa Pátria... Para mim, ele lembra Getúlio Vargas... Com o diferencial que cá estamos rendidos... Mas não mortos...

Segue a Carta Testamento de Getúlio... Que Lula tenha a mesma garra e não desista... Nem em seu último ato...

Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenam-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa (...)

Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. (...) Instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se às dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. (...) Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras e, mal esta começa a funcionar, a onda de agitação se avoluma (...)

Não querem que o povo seja independente. Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. (...) Veio a crise do café, valoriou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, (...). Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

(...) E aos que pensam que me derrotaram respondo com minha vitória. (...) Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

domingo, outubro 22, 2006

 

O poder e os sem-poder

Por Leonardo Boff

A atual campanha para a Presidência se reveste de certa dramaticidade. É mais do que escolher um político para ocupar o centro do poder estatal. O que está em jogo são dois projetos de Brasil. Um representa o projeto dos detentores do poder, do ter, do saber e da comunicação. Seus atores ocupam há séculos o espaço público e o Estado. Construíram um Brasil para si, de costas para o povo do qual, no fundo, sentem vergonha, pois o consideram ignorante, atrasado e "religioso".

O outro projeto é dos sem-poder, dos destituídos de cidadania e excluídos dos benefícios sociais. Historicamente, resistiram e se rebelaram, mas sempre foram derrotados. Entretanto, conseguiram se organizar e criar um contrapoder com capacidade de disputar o mais alto cargo da Nação.

Geraldo Alckmin representa o projeto das classes dominantes. Na verdade, elas não possuem um projeto-Brasil, pois o consideram ultrapassado. Agora, vigora o projeto-mundo no qual o Brasil deve se inserir mesmo como sócio menor. Seguem as receitas do neoliberalismo que implicam o enfeudamento da política pela economia, aprofundando as desigualdades sociais. Esse projeto foi implantado durante o governo FHC. Se vitorioso, Alckmin o retomará com fervor.

Lula representa o projeto alternativo. Cansado das elites, o povo votou em si mesmo elegendo Lula como presidente. Carismático, tentou, com relativo
sucesso, fazer uma transição: de um Estado elitista e neoliberal para um Estado republicano e social. Para salvar o Titanic que ameaçava afundar, teve que fazer concessões à macroeconomia de viés neoliberal, mas deu, como nenhum governo antes, centralidade ao social com programas que beneficiaram cerca de 40 milhões de pessoas.

Desta opção pelo social pode nascer um outro tipo de Brasil com uma democracia inclusiva que resgate a dignidade de milhões de excluídos e marginalizados. O significado histórico de reeleger Lula é permitir-lhe acabar esse começo de construção de um outro Brasil possível.

terça-feira, outubro 10, 2006

 

Dos Males, o Menos Pior!

Em toda a história, é nítido que em momentos cruciais, a esquerda se divide enquanto a direita se une. E assim está sendo agora, às véperas do segundo turno das eleições presidenciais no Brasil. Até Serra e Alckmin voltaram a ser amigos!

O que acha engraçado é que a história é contada pelos vitoriosos... E para se chegar à face verdadeira, precisamos buscar a leitura daqueles livros esquecidos, pouco ditos, pouco divulgados...

Assim escrevo porque nem sempre os vitoriosos são os honestos... É o que a vida nos ensina a cada dia, a cada ano, a cada disputa... Assim escrevo porque leio e caio a refletir: "Caramba! Quase chegamos lá e aconteceu isso!"

Um dos poucos casos que rememoro um esquerdista como exemplo crucial foi Luis Carlos Prestes, frente à disputa entre Getúlio Vargas e Lacerda... Lembro que Prestes apoiou Getúlio, justamente quem o havia destinado à cadeia e entregado sua esposa à morte...

Prestes preferiu dos males, o menos pior. Preferiu o estadista Getúlio, apesar de caçador de comunista, às políticas liberais que já visavam abrir as fronteiras, pernas e braços do Brasil ao mercado externo.

Foi o que Getulio conseguiu adiar com seu suicídio, mas foi o que Fernando Henrique concretizou em seu governo...

Agora, vejo Lula de um lado, Alckmin de outro... Dizem, as línguas afiadas, que são a mesma coisa... Bom, creio ser difícil governar um País quando o mundo é regido pelo capital especulativo.

"Políticos são irrelevantes em um mundo administrado globalmente". Quem disse isso? Dick Morris, ex-assessor político de Bill Clinton. "Em uma economia globalizada, dominada por banqueiros, economistas e administradores, que controlam juros, investimentos e gastos das empresas e que igualmente influenciam ações governamentais em todos os níveis".

Pense nisso antes de votar... Talvez, pela economia, pouco possa ser feito... Mas ações concretas de melhor distribuição de renda, assistencialismo, reforma educacional, respeito às organizações sociais como sindicatos, movimentos populares...

Ou caminhamos, cambaleando entre a esquerda e direita, ou pulamos de cabeça no concreto importado que almejam inundar o Brasil... “Se Alckmin ganhar, em quatro anos não teremos mais leis trabalhistas, política de emprego, Petrobrás. Devemos pensar se estamos num momento de acúmulo de forças para uma transformação social, ou ainda de resistência ao neoliberalismo, o que nos leva a engatinhar, até a patinar nos avanços sociais".

Para ler mais sobre o assunto, acesse: Debates Carta Maior

quinta-feira, outubro 05, 2006

 

Ao Menos Tente Digerir Antes de Vomitar...

Tempestade soa ruim... Muita chuva, vendaval, confusão... Avalanche também soa mal... Imagine um monte de neve, rolando pesada, destruindo o que há em seu caminho...

É assim que entendo o presente de grego que recebemos todos os dias, da grande mídia. Há um tempo, uma colega do trabalho comentou: "Nossa, você viu quantas doenças podemos pegar ao encostar a mão no corrimão?".

Caramba... A gente andava pelado... Ou melhor... Até tínhamos pêlos... (urgh) E estamos aí...

Voltando ao assunto. Respondi à cara colega: "Rita, não perca seu tempo lendo tanta besteira... Você coloca a mão em lugar pior..." (rs).

Mas foi a resposta dela que me impressionou: "Leio porque preciso ficar por dentro de tudo". Por dentro de tudo... Saber de tudo um pouco de nada...

É... Escuto tantos 'intelectuais' encherem a boca, todos os dias, a falar algo que leram ou ouviram no noticiário... Vomitam o que engoliram, sem ao menos tentar digerir...

Bom... Meu conselho é simples: "Escolha bem o que vai ler, senão, ao invés de se informar, ficará desinformado". Indicação: Revista Carta Capital... Tão lúcida quanto seu editor-chefe: Mino Carta... Em falar nele... Eis suas palavras:

03/10/2006 21:55 - Mais cautela - Blog do Mino
Fiquei cauteloso depois da aposta errada na vitória de Lula no primeiro turno. A próxima rodada encerra perigos para o Presidente. Não sei como se portarão os eleitores que votaram em Heloisa Helena e Cristovam Buarque. O voto destes foi de protesto de ex-petistas frustrados. E agora? Votarão contra Lula novamente ou em branco? Ou saberão entender a diferença entre Lula e Alckmin, para escolher pragmaticamente o primeiro? O rancor não costuma ser bom conselheiro. E os que se abstiveram dia primeiro de outubro? Serão presa fácil para a mídia compacta no apoio ao candidato tucano, ou haverão de mergulhar na leitura de CartaCapital?

quarta-feira, outubro 04, 2006

 

Sou Santos... Mais parecido com Silva...

Eleições... Não há assunto mais em voga... No primeiro turno, justifiquei meu voto. Queria ter votado... Agora no segundo turno não tenho dúvidas. Vou votar no Lula.

Vou postar aqui a mesma balela de alguns posts anteriores. O que há de novidade nos escândalos políticos do PT? Caixa 2, nomeação de fiéis amigos a importantes cargos em estatais, ministérios em troca de apoio político de partidos... Compra de dossiê para prejudicar o adversário...

PELO AMOR DE DEUS! Nada disso é novidade!

E por que não o Alckmin???
Porque ele representa uma minoria. Ele é a cara do empresariado, dos donos de jornais, da Daslu, do policiamento armado para combater o crime, da economia neo-liberal... Para mim, ele é o mauricinho filhinho de papai, com conteúdo, mas que não sofreu muita coisa na vida... Para mim, ele representa algumas frases, bem simples, clássicas e cômodas:

"Ele é pobre porque não trabalhou o suficiente". Ou: "Ladrão é tudo sem vergonha! Tinha de matar tudo". Ou: "Chacina na Candelária??? Não, aquilo foi justiça!". Ah.. Mais uma: "Esses sem-terra... Só querem tirar proveito das coisas dos outros!". A última pra finalizar: "Esse povo fazendo grave! Tinha que ir trabalhar!".

Bom, se você leu as frases acima e nada encontrou de errado, seguem algumas sugestões. 1) Pense, reflita, páre de ler os jornais, ouvir a televisão e, simplesmente, engolir o que estão te enfiando goela abaixo. 2) Analise as desigualdades sociais, a história do nosso país, as circunstâncias vividas por cada pessoa, por cada família... 3) Para exigir cidadania, de TODOS, faz-se necessário incluir TODOS no que é considerado uma SOCIEDADE.

Por quê LULA??? Bem, gostaria que ele houvesse nadado contra a maré. Que não precisasse maioria na câmara para aprovar projetos. Que não precisasse negociar ministérios. Que pudesse fechar as portas para o mercado especulativo que inundou e rendeu o País... Que pudesse realizar a reforma agrária, promover direitos trabalhistas a todos os empregados... Entretanto, neste caminho ele melhorou o País... Disso não há dúvidas...´

Equilíbrio da balança comercial, melhoria nas relações internacionais, em especial, na busca de novos mercados consumidores, forte diminuição da dependência do Fundo Monterário Internacional, aumento de empregos com carteira assinada, diminuição dos índices de desigualdade social (apesar de ainda assustadores), e assim vai...

Este será o meu voto... Em alguém que passou por muita coisa na vida... Não nasceu em berço de ouro nem estudou nos melhores colégios... Que desde o início precisou trabalhar para se dar ao luxo de comer, ou até beber sua pinga, ou cerveja no bar da esquina... Ele é a cara da maioria... Do povão... De gente que precisa batalhar, e muito, pra chegar em algum lugar... Isso se chegar... Vou votar nele porque sou assim... Não sou Alckmin... Sou Santos... Parecido com Silva...

quarta-feira, setembro 27, 2006

 

Aos velhos tempos de lucidez...

Acabei de assistir mais um filme da mostra de cinema cubano... Engraçado... Tantos pensamentos vieram à cabeça, tantos questionamentos... Entretanto, o mais nítido:
- Onde estive todo esse tempo?

O pior é que sei a resposta... Pra não morrer sufocada nas angústias da realidade, passei ao mundo alienado... Para respirar um pouco, viver um pouco, sofrer menos, quem sabe... (relendo agora, por quê encomendar desculpas a mim mesma?)

Primeiro, me atolei na academia... Todas as noites, séries intermináveis de exercícios... Barriga sarada, disposição, cansaço, disposição, cansaço... Um círculo vicioso... Em troca de quê? Não sei direito até agora... Bem que não podia estar tão sedentária assim...

Depois, passei a apertar o foda-se totalmente... Trabalhar, sair, beber, dormir, trabalhar, sair, beber, domrmir... Outro círculo vicioso... Engraçado... Fez muito bem, ainda faz... Entretanto, essa consciência minha não abandona... Ainda bem...

Giros e giros (dá vontade de voltar atrás e apagar tudo o que escrevi) pra se chegar ao ponto: PUTA MERDA! Estou ficando COMO OS NOSSOS PAIS! (Saudosa Elis Regina...)

Não... Não sou desse mundo... Sou a minoria, que não se deixar hipnotizar pelo cotidiano... Que olhos são aqueles, daquele médico cubano, em intercâmbio no Haiti para adiar a morte de um miserável... Queria ele poder fazer mais...

Cá eu me vejo... Bebendo coca light...

Cá eu me pego pensando: "Não perca essa consciência, não se perca..." Em lampejos, crio expectativas em me largar no mundo. Planos em, através da fotografia e no poder da narrativa que creio ter, me lançar pela Bolívia, Haiti, Cuba... Onde o marrom da terra encarde as casas de madeira, os pés no chão...

Definitivamente... Eu não sou daqui... Ou melhor: eu não quero!

This page is powered by Blogger. Isn't yours?