terça-feira, janeiro 03, 2006
A Medicina na UTI
O avanço tecnológico contrasta com o drama vivido nos hospitais públicos
“Onde quer que você olhe, o abismo entre o avanço técnico e o impacto real na vida das pessoas está se tornando quase intransponível”.
“Nas filas dos hospitais públicos, a esperança é a penúltima que morre. Instantes antes, morre o próprio paciente, gemendo, esperançoso”.
“Os hospitais tentam, de todas as maneiras, suprimir suas deficiências, não reformulando seus sistemas de atendimento ao paciente (por sinal o modo mais lógico), mas contratando a preço de ouro marqueteiros que vendem esses mesmos sistemas deficitários, em embalagem nova. Despede-se uma multidão de enfermeiras para comprar um aparelho de tomografia novo, uma ressonância de última geração. Afinal, não dá para fazer propaganda com enfermeiras novas contratadas. Já a aquisição de um novo aparelho é facilmente vendida para a mídia. Qualidade e excelência. Palavras que surgem com a maior facilidade em outdoors ou em cartazes divulgando hospitais e centros”.
“Os problemas são tantos que os presentes, em uníssono, exprimiram seu desprezo pelas políticas desleixadas em todos os níveis. Pelo desinteresse da população. Pelo descaso das autoridades. Pelo desvio da ética em todos os níveis. Pelo deslumbramento da mídia com as novidades que afetam poucos, que atingem alguns”.
Riad Younes – Professor USP e chefe no AC Camargo
Estes são alguns trechos de um dos artigos publicados na edição especial da Revista Carta Capital de fim de ano.
Já havia parado para pensar nisso. O capitalismo trazendo o avanço tecnológico, o tratamento de doenças, a sobrevida! Mas é claro... Para os poucos que podem pagar por isso. Os pobres, a grande maioria, morrem de doenças simples. Morrem esperando, ou conforme Riad mesmo citou, morrem antes da própria esperança.
Ao tentar assistir àquela revista semanal de péssima qualidade, o Fantástico, quase tão insuportável quanto a leitura da Veja, fico impressionada como tentam nos enfiar, goela abaixo, o temor pelas bactérias e micróbios.
Um senhor mais parecido com um vendedor do que um médico, explicando o quanto é importante comprar um líquido milagroso para higienizar a escova de dentes antes de utilizá-la para higienizar a nossa boca.
Pessoas que vão às academias e antes de encostar em um aparelho espirram um poderoso desinfetante para limpar qualquer vestígio de... Gente. E, claro, as novidades que o avanço da tecnologia nos traz. Desde a cura de doenças impossíveis até o reparo de qualquer imperfeição. Dentes brancos, bunda e peitos, fim da gordura. O protótipo ideal do capitalismo.
Mas que grande merda!!! Essa última eles ainda não descobriram como evitar... Mas tudo bem... É só continuar fingindo que esta natureza não existe... Imagine... Rico e pobre cagando igual... As mesmas coisas com certeza não... Nem o alcance do fedor... A merda que essa minoria faz vai muito além do que eles mesmos imaginam.
“Onde quer que você olhe, o abismo entre o avanço técnico e o impacto real na vida das pessoas está se tornando quase intransponível”.
“Nas filas dos hospitais públicos, a esperança é a penúltima que morre. Instantes antes, morre o próprio paciente, gemendo, esperançoso”.
“Os hospitais tentam, de todas as maneiras, suprimir suas deficiências, não reformulando seus sistemas de atendimento ao paciente (por sinal o modo mais lógico), mas contratando a preço de ouro marqueteiros que vendem esses mesmos sistemas deficitários, em embalagem nova. Despede-se uma multidão de enfermeiras para comprar um aparelho de tomografia novo, uma ressonância de última geração. Afinal, não dá para fazer propaganda com enfermeiras novas contratadas. Já a aquisição de um novo aparelho é facilmente vendida para a mídia. Qualidade e excelência. Palavras que surgem com a maior facilidade em outdoors ou em cartazes divulgando hospitais e centros”.
“Os problemas são tantos que os presentes, em uníssono, exprimiram seu desprezo pelas políticas desleixadas em todos os níveis. Pelo desinteresse da população. Pelo descaso das autoridades. Pelo desvio da ética em todos os níveis. Pelo deslumbramento da mídia com as novidades que afetam poucos, que atingem alguns”.
Riad Younes – Professor USP e chefe no AC Camargo
Estes são alguns trechos de um dos artigos publicados na edição especial da Revista Carta Capital de fim de ano.
Já havia parado para pensar nisso. O capitalismo trazendo o avanço tecnológico, o tratamento de doenças, a sobrevida! Mas é claro... Para os poucos que podem pagar por isso. Os pobres, a grande maioria, morrem de doenças simples. Morrem esperando, ou conforme Riad mesmo citou, morrem antes da própria esperança.
Ao tentar assistir àquela revista semanal de péssima qualidade, o Fantástico, quase tão insuportável quanto a leitura da Veja, fico impressionada como tentam nos enfiar, goela abaixo, o temor pelas bactérias e micróbios.
Um senhor mais parecido com um vendedor do que um médico, explicando o quanto é importante comprar um líquido milagroso para higienizar a escova de dentes antes de utilizá-la para higienizar a nossa boca.
Pessoas que vão às academias e antes de encostar em um aparelho espirram um poderoso desinfetante para limpar qualquer vestígio de... Gente. E, claro, as novidades que o avanço da tecnologia nos traz. Desde a cura de doenças impossíveis até o reparo de qualquer imperfeição. Dentes brancos, bunda e peitos, fim da gordura. O protótipo ideal do capitalismo.
Mas que grande merda!!! Essa última eles ainda não descobriram como evitar... Mas tudo bem... É só continuar fingindo que esta natureza não existe... Imagine... Rico e pobre cagando igual... As mesmas coisas com certeza não... Nem o alcance do fedor... A merda que essa minoria faz vai muito além do que eles mesmos imaginam.