segunda-feira, fevereiro 06, 2006

 

Babylon Sistem

Por que atacar tanto a grande mídia? O que Lula quer dizer quando cita 'golpe das elites? O que significa ir contra o SISTEMA?

Conversar sobre esquerda, direita ou centro. Sobre a mídia como o quinto poder ou a alienção, não por acaso, do povo. Dos efeitos massificantes da globalização... Do por quê em não julgar o MST como um bando de bandidos e desconfiar de qualquer proprietário de iate, ferrari ou jatinho particular...

Na primeira edição de fevereiro da Carta Capital, a matéria de capa foi uma entrevista com o presidente venezuelano, Hugo Chávez. É, aquele que a Miriam Leitão ou o mais que rídículo Alexandre Garcia enchem a boca pra falar mal... Dois 'jornalistas' que representam o que há de mais ultrajante...

Eis só o início da entrevista, que achei espetacular para exemplificar muito bem o que é esse tal de 'maldito sistema', ou 'golpe das elites', ou ainda, 'o poder da grande mídia'.

Ele (Lula) disse que a direita da Venezuela e do Brasil são golpistas. É verdade?
“Creio que as direitas são muito parecidas em todo o mundo. As direitas falam de democracia quando lhes convêm. (...) É gente que se apõe às mudanças (...). A direita se subordinou ainda ao Consenso de Washington (...) O neoliberalismo veio para arrasar este continente. (...) Eu creio que a direita geralmente oferece uma ‘lua-de-mel’. Um período de trégua. E depois te ‘ganha’”.

Depois das eleições.
Claro. É aquela coisa: “Se não pode vencer seu inimigo, una-se a ele. Ou o atraia. Foi o meu caso, igualzinho. Os dois primeiros anos foram uma lua-de-mel. A lua-de-mel no plano interno e no plano mundial. (...) Se você se entrega, bem-vindo. Mas, se você se mantém firme no seu propósito de alavancar a transformação em seu país, então eles o condenam à morte”.

Quando cessou a lua-de-mel com a direita na Venezuela?
Em 1999, tivemos um pouco de lua-de-mel. Foi um processo distinto, porque ganhamos as eleições e logo veio a Constituinte. Mas não havia esse confronto mortal. Dos hierarcas católicos até a alguns militares e os grandes meios de comunicação. Mas logo em 2001, quando se deram conta, depois que aprovamos a Constituição, que nós estávamos decididos a aplicar a Constituição (...) com a lei de hidrocarbonetos que afetou, sobretudo, as transnacionais. A lei de bancos, para quebrar com sua hegemonia. Ou seja, começar a acabar, porque o processo é gradual. A hegemonia da maior oligarquia financeira, que controlava os bancos privados e públicos e o Banco Central conforme seus caprichos. Fizemos uma lei de terras para combater o latifúndio, resgatar as terras para reparti-las com os camponeses. Fizemos uma lei de microfinanças, para dar crédito aos pobres, à pequena empresa e à média empresa. Fizemos uma lei de cooperativismo, para financiar essa forma de organização coletiva dos trabalhadores. A lei de pesca, para que a pesca de arrastão se desse em alto-mar e deixasse as 3 milhas costeiras livres para os pequenos pescadores artesanais. Fizemos a lei da costa e de águas, proibindo a privatização da costa e das praias. (...) Passe para o coletivo e não para o setor privado que cobra da população o acesso para desfrutar da paisagem. Enfim, fizemos um conjunto de leis, e foi como destapar o ninho da serpente. Aí vieram na jugular. Já vamos ter Evo (Morales, presidente eleito da Bolívia) então eu propus a Lula e a Kirchner darmos apoio político a Evo, porque mais cedo do que se pensa começará a investida da direita bolivianma, impulsionada pela direita de Washington, pela direita que quer dominar o mundo.

O senhor acha, então, que com Evo Morales a lua-de-mel será mais curta?
(...) Estou certo de que Evo vai manter sua linha: nacionalização do gás, proteção aos pequenos cultivadores de coca, luta contra o latifúndio, promoção da saúde e da educação.

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